A economia da distração-Parte-1
A economia da distração-Parte-1 – A chamada “economia da atenção” já é uma expressão bastante conhecida e usada – eu mesmo escrevi um artigo sobre o tema em 2020. A ideia do termo é que, em um mundo no qual temos infinitas possibilidades do que fazer, a qualquer momento, a um clique de distância, a atenção se tornou o bem mais valioso e conquistá-la é o objetivo de tudo e de todos. Porém, se somos bombardeados com informações e estímulos a todo instante, é cada vez mais difícil se concentrar em algo ou alguém. Por isso, ultimamente tenho pensado se “economia da atenção” é o termo correto; na minha visão, não. Para mim, estamos vivendo a “economia da distração”.
Para explicar meu raciocínio, vejamos algumas informações interessantes e a primeira é o tempo de atenção. Basicamente, é o tempo que uma pessoa consegue manter a concentração em uma determinada tarefa. Há alguns anos, viralizou uma suposta pesquisa, que afirmava que o tempo médio de atenção atualmente é de 8 segundos, menor que a de um peixe. Porém, tal “pesquisa” era fake.
No entanto, em janeiro deste ano, Gloria Mark, doutora em psicologia pela Universidade de Columbia, nos EUA, lançou “Attention Span: A Groundbreaking Way to Restore Balance, Happiness and Productivity”. Neste livro, a autora escreve que o tempo de atenção caiu de 2 minutos e meio em 2004 para apenas 47 segundos atualmente. Mais do que isso, uma vez interrompido o foco, demora-se em média 25 minutos para retomá-lo.
E são muitos pontos de interrupção:
Whatsapp, e-mail, Instagram, TikTok, Twitter, Facebook, LinkedIn, Youtube, Spotify, apps de notícias… Se você é uma pessoa “normal”, é bem provável que tenha conta em todos ou em grande parte destes serviços mencionados – além de outros tantos mais. E, provavelmente, tem estes aplicativos baixados em seu smartphone, com notificações ligadas. Sem contar as vezes que checa as redes sociais para ver o que outros estão postando e notícias para se manter atualizado.
Os números de tempo gasto em frente a telas refletem isso. Em abril, a ElectronicsHub publicou artigo com dados relevantes: levando em consideração uma pesquisa do The Economist, estima-se que, em média, uma pessoa passe 17 horas acordada por dia. Segundo a ElectronicsHub, a média global de tempo gasto em frente a telas é de seis horas e 37 minutos, ou seja, quase 40% do tempo que se passa acordado é em frente a uma tela, como um computador, um smartphone ou um tablet. E esse percentual varia de país para país. No Brasil, por exemplo, são incríveis 56,61%, divididos entre smartphone (32,46%, o 2º país no mundo) e computador (24,15%, o 5º país no mundo). Outra pesquisa, realizada em 2022 pela Atlantico, um fundo de investimento, mostra números ainda maiores por aqui, com a média diária do brasileiro usando a internet em 10.3 horas, que dariam 61% do tempo acordado.
Claro que estar em frente a uma tela não quer dizer estar distraído, afinal, muitas pessoas trabalham usando um computador e/ou um smartphone. Mas estar com acesso fácil a outras opções no mesmo aparelho certamente contribui para tal. No supracitado livro de Gloria Mark, ela comenta que, em média, verificamos nosso e-mail 77 vezes ao dia. Dividindo isso pelo número de minutos que passamos acordado (17 horas = 1020 minutos) veremos que checamos o e-mail a cada 13 minutos. E isto é só o e-mail. Uma pesquisa da Business of App mostra que uma pessoa nos EUA, em média, recebe 46 notificações push por dia. Somos impactados com cerca de 4 mil anúncios diariamente. Já a Tekmark, em 2014, publicou que os britânicos, em média, pegam o smartphone 221 vezes ao dia. Lá se vão quase 10 anos e de lá para cá o consumo de internet móvel só cresceu, até pelo aumento considerável da oferta de novos aplicativos. Ou seja, certamente este número atualmente é bem maior.
A economia da distração. Leia a Parte 2. Original de Felipe Ribbe de Vasconcellos.
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Crédito: Publicado por Felipe Ribbe de Vasconcellos – web3 builder | Communities | Innovation | New Technologies
Fonte: https://www.linkedin.com/pulse/economia-da-distra%C3%A7%C3%A3o-felipe-ribbe-de-vasconcellos/
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